Foyer de acesso
Esse grande espaço de entrada cumpre diversas funções dentro do museu. Articula, como um hall de acesso, os diversos usos em seu perímetro, como a sala de exposição da Galeota, auditório, loja, café, bilheteria, Galeria Temporária e a circulação de acesso à sala multiuso, restaurante, área educativa (e equipamentos de apoio) e setor administrativo (segundo pavimento). Com pé-direito livre de sete metros, o foyer também pode abrigar exposições temporárias, instalações e eventos, tal qual um grande painel expositivo voltado para a Orla Conde. É através do foyer de acesso que o Museu se comunica com a cidade.
Ativação da economia local
Uma das principais premissas projetuais foi criar uma fachada ativa junto a Orla Conde, isto é, uma superfície com usos variados, voltados para a rua, com capacidade de se apropriar da parte frontal do Museu com atividades e serviços que atraiam e mantenham as pessoas no local. Para isso, distribuímos os usos de caráter comercial, como restaurante, café e loja, ao longo da fachada envidraçada voltada para a Orla Conde, articulados ao foyer de acesso. Essa composição sequencial de usos e espaços interdependentes, com apropriação da área externa, remete a diversidade da cidade do século XIX, com sua variedade de atividades ao longo de uma mesma rua. Desta forma, o Museu Marítimo se tornará a única edificação, ao longo da Orla Conde, a oferecer serviços de gastronomia e comércio de acordo com a tradição carioca.
Terraço-gávea, terraço-jardim
Além dos usos e atividades na beira da Orla Conde, os visitantes também terão acesso aos terraços do Museu. Através de uma escada externa, com acesso pela Orla Conde, será possível alcançar o topo da edificação e vislumbrar, como em uma Gávea, a ampla perspectiva da região, com vistas para a cidade, para a nova cobertura e para a Baía de Guanabara. Uma vez dentro do Museu, também será possível ter acesso ao terraço que se encontra sobre a área do restaurante e sala multiuso. Esta área, densamente arborizada, funcionará como uma extensão desses espaços e da área administrativa, localizada no segundo pavimento do museu, se tornando um agradável espaço de permanência, descanso, observação e contemplação.
A nova cobertura: uma varanda para o mar
A cobertura que protege o píer e os artefatos ali expostos é uma homenagem às águas do Rio de Janeiro. Sua forma orgânica remete a uma profusão de referências marítimas: o movimento das águas, as ondas, a fauna marinha – como baleias, tubarões e arraias –, o casco das embarcações, entre outras possibilidades oriundas da percepção de cada um. Uma forma sempre aberta a novas interpretações. Externamente, sua superfície será revestida em chapas de aço inox escovado, que refletirá a luz do dia, conferindo coloração variável de acordo com a movimentação solar. Internamente, a iluminação da cobertura ocorre de forma indireta, direcionada para as estruturas de madeira laminada, evidenciando sua técnica construtiva e sua materialidade, transformando-a em um grande rebatedor de luz.
Sua estrutura de madeira, apoiada em pilares metálicos, confere leveza e um aspecto estrutural visceral e, ao mesmo tempo, acolhedor para quem transita sob este elemento grandioso. Sua forma é o resultado absoluto das funções complexas propostas para o píer, desde sala de exposição fechada e condicionada, acesso a Nau dos Descobrimentos, ligação visual entre a Igreja da Candelária e a Ilha Fiscal, plataforma de exposição dos artefatos militares até superfície para atracação de embarcações e embarque e desembarque de visitantes do Museu. Seu desenho responde técnica e especificamente às demandas de cada uso proposto para o píer, evidenciando claramente que a forma segue a função.
Apoio técnico
Espaços fundamentais para o funcionamento do Museu, as áreas de apoio técnico foram organizadas e dispostas estrategicamente próximas às funções que possuem responsabilidade direta, de maneira a garantir acesso independente aos técnicos e funcionários responsáveis pela manutenção e funcionamento do museu. A parte administrativa e apoio administrativo se localizam no segundo pavimento, com suas fachadas voltadas para o terraço-jardim e o volume (em permanente movimento de acordo com a maré) da Galeria Temporária. A Zona de Acervo Fechada ao Público se localiza no píer, sob a nova cobertura, próximo a todas as salas de exposição e com ligação direta à Orla Conde pela lateral do Museu (acesso a caminhões).
Um prédio eficiente
Painéis solares na cobertura do museu, terraço-jardim, captação de águas da chuva e uso de caixa de retardo, restauração do píer com nova cobertura em estrutura de madeira laminada gerando grande área de sombreamento, compactação da área expositiva condicionada próxima a Orla Conde (e a estrutura urbana existente) e a organização da planta do museu a partir de um espaço central (otimizando percursos internos), são elementos e diretrizes fundamentais do projeto. É parte do entendimento do contexto e da solução urbanística e arquitetônica adotar estratégias que maximizem a utilização da edificação e, ao mesmo tempo, reduzam seu consumo de energia e produção de CO2.